EMOÇÕES E MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

Por:  Marina Paesano

Este artigo é dedicado aos praticantes da Medicina Tradicional Chinesa e especialmente aos meus  alunos e ex- alunos que me incentivaram a escrevê-lo!

Texto parcialmente extraído do Artigo: Emoções e Medicina Tradicional Chinesa

NATUREZA DA EMOÇÃO

Emoção pode ser definida como um estado de intensa experiência subjetiva, acompanhado por respostas glandulares e por um estado seletivamente generalizado de baixo limiar de respostas.

DIFERENÇAS ENTRE SENTIMENTO E EMOÇÃO

 SENTIMENTO

  • ato ou efeito de sentir
  • aptidão para sentir, sensibilidade
  • estado afetivo complexo e duradouro, ligado a certas emoções ou representações
  • conhecimento imediato, intuição
  • amor, afeição, afeto
  • dor, mágoa, desgosto

EMOÇÃO

  • abalo moral ou afetivo; perturbação, geralmente passageira, provocada por algum fato que afeta o nosso espírito (boa ou má notícia, surpresa, perigo)
  • reação afetiva transitória, de grande intensidade, habitualmente provocada por uma estimulação vinda do meio ambiente
  • sentimento percebido conscientemente
  • impulso que gera os sentimentos, tanto conscientes como inconscientes

Emoção = Energia em movimento.

Ela pode estabelecer ligações biofísicas.

Existe uma espécie de energia que circula pelo corpo e leva informações a todas as células. É uma energia que teria origem no C e está relacionada a nossas emoções.

FATORES DETERMINANTES DAS EMOÇÕES

  • A potencialidade para desenvolver padrões emocionais é geneticamente inerente ao ser humano.
  • Também existem padrões de predisposição geneticamente determinados com relação aos tipos de estímulos que evocam uma particular emoção e com relação às maneiras gerais pelas quais tais efeitos são expressos.
  • Assim, frustrações primariamente inspiram raiva e menos freqüentemente medo, enquanto que a percepção de um perigo evoca mais freqüentemente medo do que raiva.
  • A hierarquia de respostas que podem surgir em conexão com um estado emocional é também, em parte, geneticamente determinada.
  • Fatores ambientais concorrem para determinar as respostas emocionais. Os tipos universais de relações interpessoais e as condições de adaptação ao meio pessoal e social são responsáveis pelo aspecto biopsicológico do comportamento emocional e variações culturais específicas evocando emoções particulares
  • Modos institucionalizados de expressar a afetividade, e preferências estilizadas culturalmente no tipo de resposta emocional apropriada para uma dada situação, são responsáveis pelas diferenças psicosociais nos padrões emocionais.
  • Peculiaridades na reação emocional são determinadas pela variabilidade de experiências e por diferenças nos traços temperamentais.
  • Devido ao fato de serem as emoções multiplamente determinadas, é impossível mesmo num determinado contexto cultural, predizer a partir do estímulo somente, qual será a resposta emocional.
  • A interpretação individual do estímulo é sempre influenciada pela sua experiência particular e pela situação momentânea.
  • A resposta emocional é também determinada, em parte, pela maturidade cognitiva e social, e pela estrutura do EU.

EMOÇÕES E PATOLOGIA:

  • As emoções nem sempre são fatores patológicos, pois o fluxo inconstante das emoções faz parte do comportamento saudável, variando com a pressão ambiental, tendência hereditária, idade, estágio de desenvolvimento e outros fatores.
  • As emoções somente são relacionadas com a desarmonia dos Zang-Fu quando provocam a obstrução do fluxo de Qi ou a tornam irregular (excessos e deficiências), ou quando provocam um desequilíbrio com o predomínio de um Zang Fu sobre o outro.
  • O desequilíbrio emocional pode provocar ou aumentar a desarmonia dos Zang Fu, assim como os distúrbios do Zang Fu podem resultar em distúrbios emocionais.
  • Por ex: um desequilíbrio do F pode aumentar a raiva e a depressão, as quais, por sua vez, agravam o desequilíbrio do F.
  • As relações existentes entre a desarmonia dos Zang Fu e o desequilíbrio emocional, se manifestarão no comportamento, podendo provocar alteração no meio ambiente o que pode agravar a desarmonia interna do indivíduo.
  • A desarmonia emocional está associada aos seguintes distúrbios nos Zang Fu: na formação e transformação de substâncias e na obstrução da circulação de Qi e sangue.

EMOÇÕES E CINCO ELEMENTOS

 MEDO

  • O medo é uma experiência emocional que supõe conhecimento de uma ameaça a algum aspecto de auto-conceito do indivíduo, tal como seu bem estar físico, ou sua auto-estima.
  • Todos estimulantes do medo concretizam alguma ameaça ao EU.
  • Embora envolvendo reações glandulares e motoras, o componente essencial do medo é o conhecimento subjetivo da ameaça seguido da interpretação cognitiva de um estimulante adequado.
  • O medo tem efeito prejudicial na resolução de tarefas delicadas e problemas, mas exerce também ação importante como agente protetor, motivador e socializador.

 CLASSIFICAÇÃO DO MEDO

  • Ansiedade/medo: referem-se a estados elicitados em respostas e ameaças atuais. Ansiedade e insegurança referem-se a ameaças antecipadas.
  • Medo e insegurança referem-se à ameaça ao bem estar físico, enquanto que ansiedade-medo referem-se à auto-estima.
  • O estímulo que provoca a ansiedade é geralmente mais difícil de identificar que aqueles que provocam medo.
  • A repressão do conhecimento temporariamente reduz o medo, mas é prejudicial a longo prazo, porque impede o indivíduo de lidar construtivamente com a ameaça.
  • Ameaças não identificadas tendem a gerar mais medo do que as identificadas, porque o indivíduo não pode preparar suas defesas adequadamente.
  • Assim, surge o mecanismo de deslocamento, concretizando fora do indivíduo a ameaça que ele sentia dentro, e mudando o objeto da ameaça, isto é, em vez de sentir a auto-estima ameaçada, passa a sentir ameaça de algum outro aspecto mais tangível e manejável da segurança física. Fobias são exemplos de tais medos deslocados.

 MEDO E MTC

  •  O medo repentino e temporário tem a conotação de sobrevivência.
  • O Medo que paralisa pode estar associada com deficiência da VB que é a paralisia da indecisão.
  • O medo com reação agressiva (luta) ou com tentativa de escapar do perigo pode estar relacionada com a associação de medo e raiva (R e F).
  • Medo e preocupação estão relacionados a R e BP.
  • O pânico está relacionado ao mecanismo de deslocamento e pode-se relacionar a desarmonia de R e C.
  • Medo e ansiedade podem estar relacionados a desarmonia de R e P.
  • Se o medo for intenso (pavor), o Qi dos Rins pode ficar lesado, havendo perda temporária do controle da micção e evacuação pois este órgão governa os orifícios inferiores, a uretra e o ânus.
  • J.H. Shen é da opinião que a mágoa também pode afetar os Rins e que quando ela fica reprimida pode levar ao enfraquecimento do Qi do C provocando lesão do Qi dos R.

 RAIVA

  • Raiva é uma experiência emocional instigada pela ameaça a um aspecto do EU na qual o conhecimento da ameaça é parcial ou totalmente substituído por um conteúdo subjetivo agressivo e a correspondente atividade nas esferas glandulares e motoras.
  • É freqüentemente despertada por ameaças ao bem estar físico e ao auto-conceito, por ataques à propriedade ou reputação, por frustração dos desejos e objetivos.
  • Raiva e medo são relacionados. Fatores semelhantes são envolvidos em cada um, e um pode dar origem a outro.
  • Pressões familiares e culturais podem inibir em vários graus a expressão da raiva.
  • Comumente, somente os componentes verbais e motores da raiva são inibidos.
  • Algumas vezes, entretanto, o componente subjetivo é também reprimido. Freqüentemente, quando a expressão aberta da raiva é inibida por causa do medo de punição, aparecem outras respostas indiretas como sabotagem, amizade exagerada, injúrias imaginárias.
  • Os fatores que levam à inibição a agressão também favorecem o deslocamento do objeto ou pessoa contra a qual a agressão é dirigida.
  • A raiva que a criança sente dos pais e outras autoridades é freqüentemente deslocada para animais, irmãos, colegas ou expressa em forma de delinquência, atitudes anti-sociais e preconceito racial.
  • À vezes a criança volta sua raiva contra si própria e busca sofrimento a fim de provocar sentimento de culpa nos pais ou envolvê-los em suas dificuldades pessoais.

 Frustração

  •  Frustração pode certamente aumentar a raiva e a agressão, mas estes estados não são exclusivamente causados por ela.
  • A resposta agressiva diante da frustração depende muito da imitação de adultos significantes.
  • As crianças respondem com mais agressão imitativa e raiva se elas vêm um modelo adulto recompensado pela agressão (Bandura, Walters, 1963).
  • Assim como a raiva pode ser instigada por outros excitantes, além da frustração, a frustração também pode conduzir a outras respostas.
  • A frustração pode estar associada com medo, insegurança e ansiedade, com submissão, fuga e dependência.

 RAIVA E MTC

  •  A raiva é uma emoção que impulsiona o indivíduo para a ação. Manifesta-se por uma explosão violenta de emoção.
  • O som que acompanha a explosão é o grito e a forma de ação é o movimento de arrancar, de arrastar.
  • Podem ser acompanhados de face vermelha e de tremores nos músculos. O “tremor com medo” (R) é diferente do “tremor com fúria” (F).
  • A depressão do Qi do F pode estar associada com a frustração, a depressão e com as explosões periódicas de raiva. Isto acontece quando houver muita repressão e frustração e repressão das emoções e das ações.
  • A frustração crônica pode resultar em raiva e depressão que podem aparecer alternadamente.
  • O nervosismo, a irritabilidade e a raiva moderada estão associados com a deficiência do Yin do F e com o excesso do Yang do F.
  • Estas desarmonias podem ser desenvolvidas por irritações e perturbações crônicas, principalmente nos indivíduos hipersensíveis às emoções.
  • A explosão violenta de fúria está associada com o Fogo crescente do F.
  • A raiva pode aparecer como conseqüência do medo (R), por se sentir ameaçado, insultado ou agredido.

ALEGRIA

  •  Fatores que aumentam a auto-estima através da aquisição de novas capacidades e status tornam-se determinantes de alegria.
  • A alegria também aparece após a resolução bem-sucedida de um processo de frustração e de dificuldade.
  • Pode estar relacionada com a excitação, o riso, a conversa e a atividade social ou sexual.
  • Há vários níveis de manifestação desta emoção.

 ALEGRIA E MTC

  •  “O excesso de alegria expande completamente o C, do mesmo modo que o choque e o medo podem contraí-lo por inteiro” (Dr. Shen)
  • A euforia prejudica O C, pois dispersa sua energia, tornando o Shen confuso e sem direção.
  • O Shen enfraquecido pode se apresentar como palidez, apatia, falta de vitalidade e de alegria de viver.
  • A falta de alegria de viver pode ser também ocasionada pela depressão advinda da deficiência do Qi do F.
  • A tristeza, mágoa e melancolia estão relacionadas com a desarmonia do P.
  • O F e o C são os dois órgãos mais envolvidos para o equilíbrio emocional e são também os mais suscetíveis aos distúrbios emocionais.
  • O F é responsável por manter um fluxo suave e uniforme das emoções. Se estiver desequilibrado, as emoções podem se tornar intensas, flutuantes e desapropriadas.
  • O C guarda o Shen e se ele ficar obstruído e perturbado, pode levar a estados extremos de depressão e mania.

ANSIEDADE

  •  É uma variante do medo experienciado em resposta a uma ameaça antecipada ao auto-conceito.
  • Na ansiedade, a fonte de ameaça é menos acessível, identificável e menos exógena. O objeto da ameaça é mais central e a resposta é mais irracional.
  • Nos estados de medo, a ameaça é sempre psicologicamente evidente, identificável.

Tipos de Ansiedade

  •  A ansiedade normal, transacional, aparece durante períodos de crise no desenvolvimento da personalidade. Ocorre com todos nas fases de vida em que são exigidas mudanças rápidas na personalidade. Ex: novas expectativas sociais, a necessidade de cumprir novas tarefas em determinados estágios do desenvolvimento.
  • A ansiedade situacional é um tipo de ansiedade que aparece em relação à ameaça externa ao auto conceito. É uma reação auto protetora que se limita à duração da situação provocadora e é proporcional à ameaça envolvida. Ex: problemas que oferecem a possibilidade de frustração, falha ou perda da auto-estima.
  • A ansiedade endógena é semelhante à situacional, exceto pelo fato de que a ameaça vem mais de dentro do indivíduo do que do meio. Ex: deficiências físicas, motoras, intelectuais e sociais.
  • Na ansiedade neurótica, a resposta de medo é desproporcional ao grau objetivo de ameaça. Está relacionada a uma debilidade de auto conceito . Seus sentimentos de adequação são extremamente vulneráveis em virtude da rejeição crônica.

ANSIEDADE E MTC

  • A ansiedade também descrita na MTC como excesso de pensamentos, reflexão, pensamentos obsessivos, estudar em excesso, etc, podem deprimir as funções de transformação e transporte do BP que estão envolvidos na digestão.

TRISTEZA, ABORRECIMENTO OU MÁGOA

  • Aborrecimento ou tédio é um estado afetivo induzido pela ausência de estimulação ou atividade ou por excesso de satisfação (Levin, 1954).
  • Repetição ou monotonia levam ao tédio.

TRISTEZA E MTC

  • Na MTC, o P está também relacionado à melancolia, a solidão e a angustia.
  • A tristeza também pode ser interpretada como falta de alegria e pode estar associada com a deficiência do Shen.
  • Todas as emoções relatadas podem estagnar o Zhong Qi no tórax, enfraquecendo o P e o C. Isto pode resultar em fraqueza e estagnação de Qi e sangue.
  • A preocupação e a infelicidade enfraquecem a respiração e conseqüentemente o P (Dr. Shen).

 EMOÇÕES E CINCO ELEMENTOS

  •  No ciclo de Geração, cada emoção pode aumentar a próxima. EX: medo gera raiva. No ciclo de Dominância as emoções são restringidas umas pelas outras. Ex: O medo controla a alegria que controla a mágoa.
  • Dentro de cada movimento, o excesso de emoção pode prejudicar o Zang correspondente ou, inversamente, a desarmonia do Zang pode condicionar o aparecimento da emoção. Ex: a raiva em excesso prejudica o F ou a desarmonia do F pode provocar a raiva em excesso.
  • Obs: nem sempre a raiva aumenta a alegria ou a alegria é gerada pela raiva. Outras emoções podem controlar o medo. Não necessariamente somente a Meditação, assim como a mágoa pode prejudicar o F e não o P.
  • A teoria dos cinco elementos e as emoções é limitada, incompleta, rígida e artificial, servindo somente para compreensões preliminares.

YIN E YANG E AS EMOÇÕES

 “Se Yin e Yang estão equilibrados, háo domínio das emoções, se desequilibrados, se perde o equilíbrio”      Suwen

 “O excesso de Yang traz a mania e o excesso de Yin a depressão“  Nanjing 

  • Ausência de manifestação de emoção ou emoção reprimida é Yin.
  • Excesso de emoção é Yang.
  • Algumas emoções são mais Yin e outras mais Yang. Ex: A raiva é mais Yang e ativa do que a preocupação ou a alegria.
  • Cada emoção tem seu aspecto mais Yin ou mais Yang, os quais podem se transformar um no outro. Ex: A frustração pode se transformar em raiva ou depressão.
  • O medo com as características de Yin apresenta-se sob a forma passiva de paralisia, enquanto que o medo Yang relaciona-se com os movimentos de fuga e luta.
  • Uma pessoa com de Yin tende a ter maior irritabilidade, raiva, inquietação, hipersensibilidade e extroversão (def. de Yin aumenta o Yang).
  • Uma pessoa com de Yang tende a ser mais indiferente, menos ativo, mais introvertido e sujeito à depressão (def. de Yang aumenta o Yin).
  • Yin dos Rins def. está relacionado com sintomas de calor e ansiedade. Yang dos Rins def. com sintomas de frio e depressão.

EMOÇÕES E SUBSTÂNCIAS:

 Deficiência de Yang: Deficiência de Qi, Shen (espírito) e Jing.

Características: introversão, depressão, falta de alegria

Deficiência de Yin: Deficiência de Xue e Jin Ye e distúrbio de Shen.

Características: extroversão, ansiedade, mania.

Desarmonias de Sangue e Emoções:

 

 

 

Formação de Sangue

Def. de Qi e Yang de BP e E

 

 

Jing Def

Preocupação e pensamentos obsessivos

 

Medo e pavor

 

Circulação de sangue

Def. de Yang do R

 

C e P

Medo e pavor

 

Tristeza e mágoa

Uniformidade na circulação de sangue Def. de Qi do F Irritação, raiva, frustração, depressão
 

Conservação de Sangue nos vasos

Def. de Qi e Yang do BP

 

 

Calor no sangue do F

Preocupação e pensamentos obsessivos

 

Raiva, irritação, frustração

TRATAMENTOS:

 Casos Gerais: É a maioria dos casos. Abrange os pacientes onde o distúrbio emocional é um componente importante no desequilíbrio com ou sem sintomas presentes.

Doença mental: Desequilíbrio extremo emocional e mental. Geralmente em pacientes internados. Estes tratamentos com acupuntura geralmente são lentos e sujeitos a recaídas.

PRINCÍPIO DE TRATAMENTO: dispersar excesso de Yang, o Fogo crescente, a agitação de vento interno e a mucosidade, harmonizar o Qi, acalmar a mente e clarear o cérebro.

PONTOS: Pontos da cabeça, pontos shu, e como pontos secundários, os pontos dos meridianos dos Rins, Coração, CS e F.

MÉTODOS: Tonificação, sedação, harmonização e, em alguns casos, moxa ou eletroestimulação.

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SÍNDROME DO PÂNICO

Por: Marina Paesano

Quando falamos sobre o ser humano, temos a tendência de subdividi-lo em partes na tentativa de compreender melhor o grande mistério da vida.

Por isso falamos em corpo, mente, emoções, energia, alma, espírito, etc. Estas cisões são meramente didáticas, pois elas se inter-relacionam todo o tempo, se complementam, são interdependentes e estão no indivíduo, não fora dele.

Partindo desse pressuposto, uma pessoa em sofrimento, seja ele físico, emocional, mental ou espiritual, deve ser tratada em todos os níveis, ou nos níveis possíveis. Essas funções se inter-relacionam e ao equilibrar uma delas, consequentemente, causará melhora nas outras.

Contudo, para que possamos progredir, nos desenvolver, passamos por desequilíbrios. Estes desequilíbrios são as molas propulsoras para a evolução em todas as direções.

A síndrome do pânico se caracteriza por sintomas nos quais o paciente “perde o controle” do próprio corpo: taquicardia, sudorese, extremidades frias, angústia, pressão no peito, falta de ar, uma sensação de “ficar louco”, ou sensação de morte iminente.

Pânico vem do grego – Deus Pã – que significa O GRANDE TODO. Seu corpo era metade homem e metade bode. A mãe, Driope, o rejeitou porque teve medo dele, então o entregou ao pai, Hermes, que o levou para o Olimpo. Este Deus, apesar de amedrontador, tinha muita energia e vitalidade.

É realmente assim que vejo o pânico: A pessoa que desenvolve esta síndrome, normalmente tem uma grande mudança interna a ser feita para que possa evoluir em termos do seu desenvolvimento emocional, psíquico e ou espiritual.

Contudo, a mesma energia que serviria para gerar processos de mudança, é embotada por causa do medo desta mudança. O medo do desconhecido é inerente ao ser humano. A princípio o medo é normal, aliás, todas as emoções são normais. O medo faz parte da preservação da espécie. Torna-se patológico quando a pessoa não tem consciência deste processo, daí o surgimento dos sintomas físicos.

O corpo físico é uma das formas de manifestação e comunicação do nosso inconsciente. É através dos sintomas físicos que percebemos que algo está em desacordo com a nossa própria essência. Esses sintomas são um alerta para a consciência, a respeito de algum desconforto emocional no qual não nos demos conta. Denunciam que o que estamos vivendo está em desacordo com nosso ser mais profundo, portanto no caminho contrário à evolução em todos os níveis.

A mesma energia que gera os sintomas é a necessária para a transformação do nosso ser. A sensação de morte por exemplo, pode indicar que algum aspecto da nossa personalidade precisa “morrer” para um novo aspecto poder “nascer”. Estamos falando dos processos de mudança acima citados. O que quero dizer é que devemos interpretar os sintomas num sentido simbólico e não literal.

Quanto aos tratamentos, a psicoterapia auxilia o paciente a detectar e transformar os aspectos psíquicos que estão em desacordo ou em contraposição ao seu desenvolvimento, gerando conflito e/ou sofrimento.

A medicação alopática é muito útil no controle dos sintomas, extremamente desagradáveis em alguns casos.

A acupuntura atua no campo energético do paciente, sendo uma técnica facilitadora para a cura física, mental e emocional. O indivíduo equilibrado é saudável!

O diagnóstico provável para a síndrome do pânico na acupuntura é o distúrbio do Shen (mente). Como o Shen habita no Coração, normalmente este paciente pode apresentar por exemplo, Fogo no Coração, normalmente advindo de uma deficiência do Rim (que é responsável pelo medo) que controla o Coração. Em alguns casos pode haver também uma desarmonia no Fígado. O tratamento na Acupuntura sempre foca o equilíbrio dos 5 elementos (água, fogo, terra, metal e madeira). As síndromes energéticas desenvolvidas são individuais, então, frente ao diagnóstico, é feita a escolha de pontos, orientação alimentar, fitoterapia, ou qualquer outra técnica da Medicina Tradicional Chinesa para equilibrar o paciente.

Em minha experiência clínica, pude constatar a cura total do pânico através da acupuntura e da fitoterapia energética chinesa. Em alguns casos se faz necessário a psicoterapia e em outros a medicação alopática também é indicada, normalmente por um psiquiatra.

Como não existem pessoas iguais, os tratamentos devem ser individualizados e, somente a partir de um diagnóstico bem feito, onde todas as partes que constituem o ser humano possam ser avaliadas, é que se pode determinar o tratamento adequado a cada pessoa.

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